Gênesis e a Origem do Homem
Gênesis e a Origem do Homem
A espécie humana antes de Adão
Este estudo sobre o livro de Gênesis e a Origem do Homem foi escrito em dezembro de 2000, quando em morava na cidade de Rio Claro (SP). Agora estou tendo o prazer de disponibilizar completamente aqui no meu blog. No final deste post você pode baixar o estudo completo em PDF e assistir a Live do Rabino Gilberto Ventura, que confirma o que aqui expomos.
Abaixo assista à ministração que ensino este assunto em uma Conferência com jovens, adolescentes e alguns outros irmãos em Cristo.
”No PRINCÍPIO, CRIOU Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas. Disse Deus: Haja luz; e houve luz. Viu Deus que a luz era boa; fez separação entre a luz e as trevas” (Gênesis 1:1-4)
Mais adiante, em 2:4, a palavra Gênese – Origem – é empregada na versão João Ferreira de Almeida:
“Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o Senhor Deus os criou”.
A origem do nome Gênesis
O título hebraico do livro de Gênesis provém de sua primeira palavra (resith [7225 na Concordância de Strong] “princípio”). A palavra em grego significa “Origem” ou “Princípio” (cf. Gênesis 2:4). Gênesis, portanto, é o livro que registra as origens ou princípios de todas as coisas: do planeta Terra, da raça humana, do pecado e afastamento de Deus, surgimento dos povos e das nações, do povo e nação escolhida por Deus, dos propósitos de Deus para o homem e o planeta Terra, dentro outros assuntos importantíssimos.
A importância desta palavra é fundamental, pois a realidade de hoje é consequência dos fatos do passado.
A palavra CRIOU (1254 na Concordância de Strong) é usada para o ato criativo de Deus. Somente Deus é sujeito deste verbo. O significado do termo “BARÁ” não é fácil de determinar. Numa das suas formas significava originariamente: “cortar, separar ou distinguir”. No versículo 1:1 a ideia de criação exclui materiais já existentes, podendo, então, falar que as coisas foram produzidas “do nada”. Esta palavra foi utilizada apenas para indicar a ação divina de trazer à existência algo inteiramente novo.
A trindade participa da criação
Observe a participação e unidade do Deus Triuno na criação dos céus e da terra:
- O Pai pensa, idealiza ou gradualiza;
- O Filho (o Verbo, a Palavra) traz à existência;
- O Espírito Santo “choca” e mantém a obra criada;
“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho. Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela PALAVRA DE DEUS, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem” (Hebreus 11:1-3).
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu” (João 1:1-3, 10)
“Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste” (Colossenses 1:13-17).
O “Hino da Criação”
O “Hino da Criação” é uma descrição, em movimento cadenciado e majestoso, das etapas sucessivas da criação. Em toda a literatura, científica ou não, não existe narração mais sublime da origem da Terra (nosso planeta) e todas as coisas criadas por Deus. Este Hino é cheio de revelação e sabedoria divina.
Método do Geral ao Particular
Neste método de composição, o autor expõe o tema geral que trata em toda sua amplitude, antes de abordar o assunto particular, destrinchando-o, e depois temas cada vez mais precisos. Este método é clássico entre os hebreus. É conhecido pelo nome Klal ou -phrat, “do geral ao particular”.
Em Gênesis 1:1 é colocado o tema geral, a criação dos CÉUS e da TERRA. Nos versículos 1:2 a 2:25, o texto narra a criação do universo, da Terra e dos seres vivos (destaque para o Homem) em sete dias (períodos).
Gênesis 1:26 – Aqui também temos o mesmo método: Deus pensa em criar o Homem à Sua IMAGEM e conforme a Sua SEMELHANÇA. Em seguida o texto continua narrando a criação do Homem à imagem de Deus (1:27) e de Adão, formado à semelhança de Deus (2:7; 5:1).
A Criação da Espécie Humana
“Também disse Deus: Façamos o HOMEM à nossa IMAGEM, conforme a nossa SEMELHANÇA; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou” [BARÁ] “Deus, pois, o homem à sua IMAGEM, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gênesis 1:26, 27). Hebraico temos MACHO [2145] e FÊMEA [5347].
“Façamos homem” (sem artigo) diz, literalmente, o hebraico. A palavra hebraica traduzida por “homem’ é adâm, um termo coletivo e não individual. Significa “humanidade”, que seria, aliás, a melhor tradução. Logo, o projeto de Elohîms visa a humanidade como um todo e não apenas um indivíduo. O termo alude à humanidade. Depois é que a palavra adâm se tornou o nome próprio para o homem que inaugurou a nossa espécie (Adão).
Significado da palavra hebraica: IMAGEM
A palavra hebraica para IMAGEM é séleme significa a figura material, uma imagem aparente ou exterior. Assim como Iahweh distingue-se dos outros deuses, no AT, pela qualidade de “vivo”, tendo sentimentos, assim a IMAGEM de Deus no homem reflete-se na sua ALMA.
“Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o Homem segundo a sua imagem” (Gênesis 9:6).
Este versículo afirma que a IMAGEM de Deus no homem é equivalente à sua vida natural que, segundo a concepção bíblica mais antiga, era provida pelo sangue: “a vida natural do homem está no sangue”.
Significado da palavra hebraica: SEMELHANÇA
A palavra hebraica para SEMELHANÇA é dmûte significa uma semelhança interior, a forma espiritual ou a natureza interior. A semelhança de Deus no Homem está no seu ESPÍRITO, na sua capacidade de autoconsciência, na razão e na liberdade. Tendo a semelhança de Deus e o sopro do Espírito, o homem podia manter comunhão direta com Deus, que é Espírito.
Observe, ainda, o texto de Gênesis 1:27-30. Esta passagem afirma que há uma espécie humana que foi criado à “imagem” de Deus: homem e mulher. No texto original é dito apenas macho e fêmea (também conforme algumas traduções em português). Perceba que Deus havia concebido o homem à sua imagem e semelhança (conforme vimos o Método do Geral para o Particular), porém, esta espécie humana tinha apenas a imagem de Deus.
“Então Deus os abençoou”. O plural indica o sentido coletivo do termo adâm. Elohîms abençoou aquela espécie humana.
A Espécie Adâmica (Espécie Humana)
Foi utilizada a palavra hebraica “yatsar”, que significa “FORMAR”, significando que o Homem (espécie adâmica) foi “plasmado ou modelado” por Elohîms, dando a ideia de que um ser que já existia (ADÂM – este que era do pó da terra) veio a TRANSFORMAR-SE em outro (ADAMA) diferente do que lhe deu origem.
Por isso é usada a expressa: “e o homem passou a ser…”. O verbo yatsar ilustra bem o trabalho típico do oleiro ou do artista plástico, que forma uma escultura a partir do barro. A ideia que esta palavra quer transmitir é muito bem apresentada em Isaías 64:8.
Assim sendo, podemos transcrever o versículo sete da seguinte maneira:
“Então modelou o Senhor Deus ao Adâm” – um macho da espécie “macho e fêmea” que era formado de terra vermelha ou corpo e alma -, ” pó da terra, Adama (à palavra Adâm é acrescentada a vogal, isso para afirmar que foi gerada uma nova espécie, transformada.
Elohîm modelou o Adâm que passou a ser Adama, palavra tomado para o nome próprio de Adão, o homem da nova espécie). e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o Adâm passou a ser alma vivente”.
Observe esta expressão: “Alma vivente”. No texto hebraico temos o vocábulo nefesh, que designa o ser animado por um sopro vital, que é o espírito humano. Desta forma Adão passou a participar, pelo sopro divino, de uma vida espiritual consciente, ele passou a ter uma alma espiritualizada.
“Eis o ato dos descendentes de Adâm“(Adão): “no dia em que Elohîms cria Adâm, ele OS faz à semelhança de Elohîms” (Gênesis 5:1) – tradução de André Chouraqui.
O comissionamento da espécie “macho e fêmea”:
“E Deus os abençoou, e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre…” (Gênesis 1:26-28).
Quando Iavé Elohîm criou a espécie “macho e fêmea”, os abençoou e deu a ordem para sujeitar (em hebraico foi utilizada a palavra kibesheda, literalmente, “pisar sobre”) toda a criação.
Já para Adão, a espécie Humana, foi-lhe dito para cultivar e guardar o Éden.
A espécie “macho e fêmea” levou uma vida difícil na face da terra, tendo uma alimentação bem restrita: “E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento” (Gênesis 1:29).
Segundo este versículo, o primitivo ser humano, criado no sexto dia, não tinha aprendido a caçar animais nem ainda desenvolvido a técnica da agricultura.
Esta espécie macho e fêmea dependia inteiramente do que a natureza lhe fornecia ervas e frutos.
Por morar em cavernas, onde podia se defender de animais e se proteger das variações climáticas, eles permaneciam limitados em uma pequena área territorial o que dificultava ainda mais a sua subsistência, desde quando a sua reserva alimentícia se esgotava. O homem era forçado a mudar constantemente de região, em busca de mais alimentos.
Sem dúvida, estes seres humanos tiveram uma natureza de criança, no sentido de inteira dependência da natureza para obter seus alimentos e suprir suas necessidades básicas.
Domínio da tecnologia da irrigação
Um outro fator que contribuiu em muito para que estes seres humanos tivessem uma cultura regressiva – conforme confirma os achados arqueológicos da carverna de Shanidar (mencionado no estudo) – é o que nos relata a seguinte passagem:
“Ainda nenhum arbusto do campo havia na terra, ainda nenhuma erva do campo havia germinado: – pois Iavé Elohîms não havia feito chover sobre a terra, e nenhum terroso (homem) tampouco -, para servir o terroso (homem)” (Gênesis 2:5, 6) – tradução de André Chouraqui.
Durante algum tempo, antes de haver chuva, a Terra era regada por uma neblina pesada, isso porque a sua superfície sendo ainda muito quente e os consequentes vapores muito densos, as gotas de chuva que se esfriava, na orla mais exterior das nuvens, evaporar-se-iam novamente antes de alcançar a terra.
A Bíblia confirma que aqueles seres humanos ainda não haviam dominado as técnicas da agricultura: “o terroso não havia lavrado o solo”.
Talvez porque ainda não havia chovido e eles não compreendiam como as ervas e plantas sobreviviam. Apenas uma neblina era responsável por regar a superfície da terra (solo).
Observe que a ênfase do versículo transcrito acima não é o fato de não haver homem na face da terra, mas que “a espécie macho e fêmea (terroso) não havia lavrado o solo, porque ainda não havia chovido sobre a face da terra e aqueles homens não sabiam, pela falta de água existente, lavrar o solo e cultivar plantas para sua própria subsistência”.
A tradução mais comum que diz “… e também não havia homem para lavrar o solo”. A tradução é incorreta e foi preferida porque alguns intérpretes viam nas passagens de Gênesis 1:27 e 2:7 duas narrações do mesmo fato: a criação do homem.
O comissionamento de Adão:
“Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar” (Gênesis 2:15). Note que, agora, Deus comissiona Adão para cultivar o jardim (que era regado por quatro rios) e o guardar. Perguntamos: guardar o jardim de que, ou de quem?
O nome bíblico de Éden é de origem mesopotâmica, derivado do acádio edinu, significando “planície”. Isso significa que, neste período da história, o homem abandonou as cavernas e as montanhas para habitar na planície. Com o despertar de sua consciência e inteligência, dada pelo sopro de Deus em suas narinas, o homem agora adquiriu a sabedoria para cultivar o solo e obter os seus próprios alimentos.
A expressão “para cultivar” ou lavrar, é o hebraico l’agadar, que se refere ao trabalho escravo.Deus colocou Adão no Éden para trabalhar. O trabalho não é, pois, maldição. A aspereza do trabalho humano é uma consequência de sua queda e perda da comunhão com Deus, conforme 3:17. Mas o trabalho está dentro do propósito de Deus para o homem. A palavra servo, “ebed”, tem sua raíz na palavra l’agadar. Mas esta palavra hebraica tem um segundo sentido. Usa-se também para o serviço no culto, a adoração a Elohîms.
Entendemos que o Homem foi colocado no Éden para trabalhar, prestando adoração a Deus.
Duas questões importantes
Cristo Jesus inaugura a geração de homens espirituais:
“Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente” – a alma da geração adâmica ainda imperava sobre o seu ser. “O último Adão, porém, é espírito vivificante” – a geração de Jesus Cristo e dos de cristãos terá seu espírito inteiramente livre e, por isso mesmo, serão vivificados, conforme o que diz os versículos anteriores.
“Mas não é primeiro o espiritual, e, sim, o natural” (gr. psíquico); “depois o espiritual. O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu. Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demias homens terrenos; e como é o homem celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial” (1 Coríntios 15:45-49).
Não há evolução de uma espécie para outra, mas dentro da espécie:
“Nem toda carne é a mesma; porém uma é a carne dos homens, outra, a dos animais, outra, a das aves, e outra, a dos peixes. Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais, e outra, a dos terrestres. Uma é a glória do sol, outra, a glória da lua, e outra, a das estrelas; porque até entre estrela e estrela há diferenças de esplendor. Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. E, semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder” (1 Coríntios 15:39-43).
Gostaria, finalmente, de deixar registrado aqui o meu parecer quanto à questão da evolução da espécie humana. Portanto, cada espécie vivente teve sua origem, segundo este parecer, de uma “semente” distinta. Assim sendo, o cachorro, o macaco, a árvore, o ser humano etc., vieram de sementes distintas, podendo ter mutações dentro da própria espécie, conforme as teorias de Charles Darwin, mas nunca uma espécie (por exemplo o macaco) evoluir para uma outra espécie (ser humano).
Você pode baixar o arquivo PDF desta mensagem, com 41 páginas e muitas ilustrações, caso queira imprimi-la e/ou compartilhar com seus contatos.
Indicação de Livros:
- Manual Bíblico: Henry H. Halley – Editora Vida Nova
- A Bíblia (No Princípio – Gênesis): André Chouraqui – Imago Editora Ltda
- E a Bíblica Tinha Razão…: Werner Keller: Melhoramentos
Indico abaixo a explicação que o Rabino Gilberto Ventura, do canal do YouTube “Sinagoga Sem Fronteiras“, faz sobre as duas espécies humanas descritas no livro de Gênesis:
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