2. EVANGELHO DA GRAÇA,  Transformação e Santificação

A Graça Nos Conduz à Glória de Deus

Mensagem ministrada por:
Raimundo Barreto
Acampamento Plenitude
Salvador – BA
Páscoa – Março de 2018

O que é a graça

Que é a graça? Graça nada mais é que a grande obra de Deus realizada gratuitamente em Seu amor incondicional e ilimitado em favor do homem desamparado, indigno, pecador e fraco. A graça de Deus é simplesmente Deus trabalhando para/com o homem. Como isso se diferencia da lei? A lei é Deus exigindo que o homem trabalhe para Ele, enquanto a graça é Deus trabalhando para/com o homem. Que é a lei? A lei é a exigência de Deus para que o homem faça algo para Ele. Que é obra? Obra é o esforço do homem para fazer algo para Deus. Que é graça? Graça, nem é Deus exigindo algo, nem é Deus recebendo a obra do homem, mas graça é Deus fazendo a Sua própria obra em nossas vidas. Quando Deus vem para fazer algo pelo homem e a favor do homem, isso é graça.

A ênfase no Novo Testamento não está no princípio da lei. Na verdade, o Novo Testamento opõe-se ao legalismo da lei, pois a lei e a graça jamais podem misturar-se. É Deus quem está trabalhando ou é o homem? Deus está dando algo para o homem ou está pedindo algo do homem? Se Deus estiver pedindo algo do homem, nós ainda estamos na era da lei. Contudo, se Deus estiver dando algo para o homem, capacitando-o, estamos na Era da Graça. Você não iria à casa de alguém dar-lhe dinheiro se houvesse ido lá para pedir dinheiro. Semelhantemente, lei e graça são princípios opostos; elas não podem ser colocadas juntas. Se é para o homem receber graça, ele deve colocar a lei de lado. Por outro lado, se ele seguir a lei, cairá da graça (Gálatas 5:4).

Ocasiões oportunas para a graça se manifestar

A nossa insuficiência diante do Senhor não é um impedimento para a graça. Pelo contrário, a nossa humildade (pobreza de espírito) é uma condição para recebermos graça. Se não estivermos muito pobres, não estaremos desejosos de receber a graça. Isso explica a primeira bem-aventurança: “Bem-aventurados os humildes (ou pobres) de espírito, pois deles é o reino dos céus” (Mateus 5:3).

O Homem é muito ilógico. Ele diz que não pode receber a graça porque seus pecados são numerosos demais. Nenhuma afirmação é mais contraditória que essa; nenhuma afirmação é tão insensata. Porque os doentes estão doentes é que precisam de um médico; porque os pobres são pobres é que precisam de ajuda; e da mesma forma, porque o homem é um pecador é que ele precisa da graça. Portanto, o pecado não é um empecilho. Pelo contrário, é uma oportunidade para a graça se manifestar. Nosso problema é que sempre achamos que temos de estar numa condição diferente da que estamos hoje. Achamos que para receber graça devemos ser mais santos e melhores hoje do que ontem (leia Mateus 9:12, 13).

O Homem sem Cristo deixa de obter graça não por ser pecaminoso demais, mas por não estar em condição suficientemente baixa. Ele é orgulhoso demais e moral demais. É exatamente aqui que se encontra o maior problema (Romanos 3:27). A Humanidade é grande em todos os tipos de pecados. Ao mesmo tempo, é muito grande no pecado do orgulho (Isaías 16:6). Por um lado, há uma necessidade absoluta; por outro, o terreno em que se encontram não é aquele no qual podem receber a graça de que necessitam. Isso ocorre exclusivamente por causa do orgulho no coração humano.

Romanos 5:15, 20 diz-nos que: “Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa… mas onde abundou o pecado, superabundou a graça”. Seguindo a lei da causa e efeito, Paulo está dizendo que o dom gratuito da graça é maior do que a ofensa ou delitos. A Palavra de Deus mostra-nos que onde estiver o pecado, ali estará também a abundante graça. Onde o pecado abundar – não que ele tenha realmente abundado, pois todos os homens pecam semelhantemente, mas onde o pecado tenha-se manifestado mais abundantemente – a graça de Deus abunda ainda mais.

A palavra ABUNDAR na linguagem original está relacionada com a ideia de TRANSBORDAR. O pecado é grande, mas a graça é ainda maior e cobre o pecado. Esta é a graça de Deus. O homem tem o estranho conceito de que para receber graça, deve estar sem pecado ou delito. Mas isso não existe. Embora nossos delitos sejam muito sérios e possam elevar-se muito, a graça de Deus se eleva ainda mais. A graça nos constrange! Uma vez que a graça de Deus está aqui para lidar com o problema dos delitos ou ofensas, os delitos e ofensas não são mais um problema.

Este entendimento, do poder e eficácia da graça de Deus, nos capacita a crermos por todas as pessoas, independentemente da situação em que ela se encontra, ou do tamanho do seu problema ou impiedade. A graça não se acovarda diante do homossexualismo, dos assassinos, viciados, blasfemos, arrogantes, dos adúlteros ou qualquer outro tipo de impiedade. Qualquer ser humano que se encontre numa condição mais depravada possível, se se humilhar e clamar pela misericórdia de Deus, será transformado pelo poder regenerador da Sua graça e capacitado a não pecar mais. A graça nos faz reinar sobre o pecado e a morte (Romanos 5:17; 6:14). Seja lá qual for o tamanho ou gravidade da ofensa, a graça pode superabundar e reinar na situação.

A graça de Deus está ligada à glória de Deus

Que é graça? Deixe-me dizer isto de um modo enfático – graça é receber sem ter um motivo ou merecimento para receber. Uma vez que haja um motivo, ela se torna recompensa. Se você tem quaisquer realizações, a questão da recompensa entra e a graça fica de fora. Devemos dar muita atenção a essa questão. Romanos 4:4 torna a questão muito clara: “Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida”. Este texto diz claramente que ninguém pode vir diante de Deus e dizer que fez isso ou aquilo e que, portanto, sem se envergonhar, é merecedora da graça. Há ainda outra frase em Romanos que é muito clara sobre esse ponto: “E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça” (11:6).

Se tivéssemos quaisquer realizações diante de Deus, fossem elas grandes ou pequenas, a salvação de Deus para nós tornar-se-ia um pagamento de dívida e não seria mais graça. Agradecemos ao Senhor porque somos salvos pela graça. Se eu fosse salvo pelas minhas realizações, nunca poderia dizer: “Deus, agradeço-Te por conceder-me graça”. Ao contrário, eu diria: “Deus, estou salvo porque pagaste a Tua dívida”. Poderia proclamar orgulhosamente que estou salvo pelas realizações. Por que ninguém pode salvar-se pelas realizações? Porque Deus quer remover todo orgulho do homem, para que o homem nada possa fazer senão agradecer e louvá-Lo. Deus é a fonte de tudo o que precisamos, Ele quer que sempre dependamos dEle: “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15:5).

Quem pecou? Creio que todos conhecemos a frase de cor: “Pois todos pecaram”. Por que é que todos pecaram? Porque “carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23). Que significa carecer da glória de Deus? Significa não poder entrar na glória. Todos pecaram, portanto não podem entrar, estão privados da glória de Deus, ou participar da Sua glória.

Se quer entender o que é a glória de Deus, você tem de entender Romanos capítulos 1 a 8. A graça de Deus está associada à glória de Deus. A graça procura o homem no nível mais baixo e a glória eleva o homem ao nível mais elevado. Romanos capítulos 1 a 3 diz-nos como todos os homens pecaram e estão privados (ou destituídos) da glória de Deus (3:23). A seguir, após dar o caminho da salvação pelo Senhor Jesus nos capítulos 4 e 5, a glória de Deus é apresentada como a esperança: “…por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus (vs. 5:2). A crucificação com Cristo é ensinada nos capítulos 6 e 7.

Já no meio do capítulo 8 nos é apresentado, ao vivo e a cores, o Espírito Santo, que nos auxilia em nossa fraqueza, pois antes Paulo fala que quando o pecado reinava sobre as nossas vidas “éramos fracos” (vs 5:6). Então, Paulo diz-nos o seguinte no final do capítulo oito: “Aos que de antemão conheceu, também os predestinou (…) e aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Romanos 8:29, 30). Salvação é Deus puxando um pecador da lama do pecado e levando-o até a Sua glória. Embora estejamos justificados, sabemos que justificação não é suficiente. A justificação não é o alvo da salvação de Deus para nós. Deus não vai parar até que estejamos na Sua glória. “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não poder ser comparados com a glória a ser revelada em nós…na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (8:18, 21). Portanto, Romanos capítulos 1 a 8 começa com pecados e condenação, mas termina com a glória dos filhos de Deus.

Ao final do livro de Apocalipse, depois de o novo céu, a nova terra, o Reino, o lago de fogo, o fim de Satanás e o grande trono branco terem sido todos mencionados, a Bíblia diz: “Quem quiser receba de graça a água da vida” (22:17b). Agradecemos ao Senhor porque Ele colocou, de propósito, o beber gratuito da água da vida no final do capítulo 22. Após termos visto o lago de fogo, a segunda morte, o fim de Satanás, o Reino, o novo céu e a nova terra, podemos sentir temor de que Deus endureça Seu coração novamente; mas depois de todas essas coisas, Deus propositadamente declarou que a água da vida é gratuita. Não há preço para ela. Agradecemos ao Senhor porque temos a graça por meio de Jesus Cristo, e essa graça é gratuita. Ela não está relacionada com ao nosso merecimento.

Graça x Merecimento

Muitas vezes tenho ouvido dizer que temos de fazer o bem e retribuir a graça de Deus. Essas palavras são comuns hoje nas igrejas. Mas tenho de perguntar onde na Bíblia há um versículo que diz que temos de retribuir a graça de Deus? Essa palavra é por demais contraditória. Se há retribuição, não há graça. E, se há graça, não há necessidade de retribuição. Agradecemos ao Senhor que em todo o Novo Testamento nunca nos é dito para retribuir alguma coisa a Deus. É verdade que nós, cristãos, devemos ter boas obras. Mas por que devemos ter boas obras? Por que temos de sofrer pelo Senhor? Por que temos de suportar a vergonha? Por que servimos ao Senhor? Como o Senhor tem tratado conosco em amor, assim também tratamos com o Senhor em amor; contudo não existe aqui o pensamento de troca. Não é que Deus me dá muito e eu em troca devolvo muito.

Quando o “filho pródigo caiu em si” e percebeu a miséria em que se encontrava, ele não teve um arrependimento genuíno e nem quis voltar para a casa do pai porque o amava. Ele nutria uma mente legalista e escrava da lei. Seu pensamento não era de filho que recebe a herança pela graça, mas sim por merecimento. Ele pensava como alguém que tinha de trabalhar para merecer o salário, o sustento e o pão. Veja o que ele pensava quando decidiu voltar para a casa do pai: “Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores (Lucas 15:17-19).

Se entendermos este ensinamento da parábola do “Filho Pródigo”, poderemos compreender as atitudes graciosas do pai, ao correr, abraçar e beijar o seu filho desviado. O pai o chamou de filho “que estava morte e reviveu, estava perdido e foi achado” (vs. 24a). Deus o via como filho e não como empregado. A herança dada pelo pai não é conquistada ou merecida, é mérito da graça e da filiação.

Vale destacar que a mente do filho mais velho também era uma mente legalista e que pensava em termos de mérito. Sua fala para o pai foi: “Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos;…” (vs. 29).

Por isso entendemos que o personagem protagonista desta parábola contada por Jesus é o pai com suas atitudes de amor, graça e misericórdia, e não os filhos. Esta parábola deveria ter o título de: “O pai gracioso e misericordioso”. Todas as parábolas contadas por Jesus neste capítulo 15 de Lucas revelam o coração gracioso do Pai e dEle, o bom Pastor, que veio buscar os pecadores perdidos. Portanto, a glória não está no afastamento e retorno do filho, nem no fato da ovelha ter se perdido ou da moeda (kkk imagina a moeda pensar em voltar para o bolso da mulher), mas na firmeza do amor, graça e misericórdia do Pai e do bom Pastor.

Como precisamos ter uma revelação do coração gracioso do nosso Pai e também da nossa filiação: “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu” (vs. 31). Deus nos recebe como filhos por causa de Seu amor e graça, não porque fizemos algo para merecer a filiação: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus” (1 João 3:1a).

A dificuldade reside na mente legalista do homem. Em todas as coisas o homem pensa em negócios, lei e merecimento (O sentimento de culpa está camuflado aqui!). Mesmo a questão da salvação é vista do ângulo de negócio. Hoje, se trabalhamos, servimos ao Senhor, sofremos vergonha ou carregamos a cruz, não é porque queremos recompensar a Sua graça – é porque O amamos. O amor com que Ele nos amou nos cativou, capturou nosso coração e mente. Graça é o que Deus tem feito por mim; não tem nada a ver com o que eu tenho feito por Ele.


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Rai Barreto
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