
Não fira a Rocha duas vezes. Fale à rocha!
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Existe um princípio de interpretação das Escrituras que é muito revelador e que precisamos compreender. Sempre há um paralelo entre o começo e o fim: o começo é semelhante ao que vai acontecer no fim; quer dizer, os fatos registrados no início da Bíblia possuem um paralelo com os fatos profetizados no final da Bíblia. Vemos este princípio ensinado por Salomão, pela Sabedoria que Deus lhe agraciou e pela inspiração do Espírito Santo, em Eclesiastes 1:9, 10: “O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós”.
Então, ao estudar as Escrituras também não entenda os personagens e fatos apenas como algo histórico que aconteceu no passado. Não! Há um ensinamento mais profundo por traz da história. O motivo para o qual o Espírito Santo inspirou os fatos do passado é também para que sejam “TIPOS”, ou exemplo para nós. No grego temos a palavra tupos (τυπος – G5179 na Concordância de Strong). A palavra tupos é empregada por Paulo na passagem de 1 Coríntios 10:6, 11, 12a, que diz: “Com esta lição somos advertidos de que não devemos desejar coisas más, como eles fizeram… Todas essas coisas sucederam a eles, como exemplos, como lições objetivas para nós, a fim de advertir-nos contra a prática das mesmas coisas; foram escritas para que pudéssemos ler a respeito delas e delas aprender nestes últimos dias enquanto o mundo se aproxima do fim. Portanto, tenham cuidado” (versão NBV). A palavra grega tupos significa: exemplo, modelo, lição, tipo (tipologia bíblica), prefiguração, padrões, uma pessoa ou coisa que prefigura algo (veja Atos 7:44 e Romanos 5:14).
O bordão de Moisés e o bordão de Arão
Quando o Senhor orientou Moisés a pegar “o bordão”, Ele Se referiu ao do sacerdote Arão. Já Moisés tinha a “sua vara” na mão desde aquele tempo da sarça ardente (Êxodo 4:2). O BORDÃO (VARA) DE MOISÉS foi transformada por Deus em serpente e tornou-se o instrumento pelo qual Ele executou a juízo sobre o Egito e seus deuses (Êxodo 7:10-12; 9:23; 10:13 e 12:12). Com ela, Moisés desencadeou as pragas – como transformar as águas em sangue, trazer gafanhotos e dividir o Mar Vermelho (Êxodo 9:22, 23; 10:12, 13; 14:15, 16, 21) -, atos que demonstraram o poder de Deus em instruções contra a rebelião e idolatria dos egípcios. Mesmo em Horebe (Êxodo 17:5, 6), ao ferir a rocha, a vara foi usada num contexto de resposta à murmuração do povo, que testava a Deus, carregando um tom de autoridade e correção. Assim, a vara de Moisés simboliza juízo porque está associada à manifestação do juízo divina contra o pecado, à rebelião, à quebra da resistência humana e à imposição da vontade soberana de Deus sobre as nações, deuses e indivíduos desobedientes.
Por outro lado, o BORDÃO (VARA) DE ARÃO, destacado em Números 17:8-10, é um símbolo de misericórdia e graça devido ao seu papel sacerdotal e ao milagre de florescimento. Quando os israelitas contestaram a liderança de Moisés e Arão após a rebelião de Coré, Deus fez o bordão de Arão brotar, florescer e dar amêndoas, confirmando sua escolha como sacerdote e silenciando a rebelião sem derramamento de sangue adicional – um ato de graça que reafirmou a mediação sacerdotal. Guardado diante da Arca (Números 17:10), o bordão representa a autoridade divina para interceder pelo povo e oferecer sacrifícios que aplacavam a ira de Deus (como em Números 16:46-48, quando Arão deteve a praga).
Em Meribá (Números 20:8), Deus instruiu Moisés a tomar o bordão de Arão, guardado no Tabernáculo, e não a vara que ele carregava consigo. A ordem de falar à rocha com o bordão de Arão sugere que o milagre deveria vir pela INTERCESSÃO SACERDOTAL E PELA PALAVRA DE FÉ, refletindo misericórdia e graça para suprir as necessidades do povo. Porém, Moisés, com sua própria vara de juízo na mão, acusou o povo de rebeldes e feriu a rocha duas vezes, um ato que evocou juízo em vez de graça, desonrando a Deus ao sugerir que o poder vinha dele e de Arão (“tiraremos água?“, v. 10). Na tipologia, a Rocha é Cristo (1 Coríntios 10:4): ferida uma vez em Horebe (prefigurando a cruz), agora só preciso ser invocada por fé, não “ferida” novamente. A vara de Moisés, ligada ao juízo e à Lei, destoou do propósito de graça simbolizado pelo bordão de Arão, representando o sacerdócio da graça.
Forme em sua mente a cena de Moisés diante daquela rocha, tendo em uma das mãos a sua vara de juízo e na outra mão a vara sacerdotal da intercessão, misericórdia e graça. Na presença de Arão, Moisés reuniu o povo diante da rocha. E, cheio de ira no seu coração, impaciente por causa da murmuração do povo, grita: “Ouvi, agora, rebeldes…”. Moisés chama o povo de rebeldes, com um espírito de acusação. Então, ao invés de “falar à rocha” a fere com a vara do juízo uma vez e mais uma vez.
Quantos ministros da Palavra e cristãos têm usado a vara do juízo e acusação, ao invés da vara da intercessão e graça? Pai, que este exemplo de Moisés venha a alinhar nossas motivações e palavras. Que palavras de graça e misericórdia brotem dos nossos lábios. E, se detectarmos impurezas ou pecados em nós ou no meio do Seu povo, que sejamos sacerdotes intercessores, cheios de misericórdia e graça: “Todos falavam bem dele e eram admirados com as palavras de graça que saíram de sua boca…” (Lucas 4:22).
Em Atos 20:32, Paulo, ao se despedir dos presbíteros da igreja em Éfeso, diz: “E agora, irmãos, eu os encomendo a Deus e à palavra da sua graça, que tem poder para edificá-los e dar-lhes herança entre todos os que são santificados.” (NVI). A “palavra da Sua graça” refere-se à mensagem do Evangelho da Graça. E Paulo explica os benefícios de ministramos a Palavra da Graça: “Somente Ela tem o poder para EDIFICAR, e dar HERANÇA, entre todos os que são santificados”.
O bordão de Arão que brotou, inchou os gomos, produziu flores e deu amêndoas (Números 17:8b) foi guardado diante da presença do Senhor, no Santo dos Santos, para testemunho eterno. Todos presenciaram e viram daquele bordão de Arão, morto e sem vida, brotar flores lindas de primavera e amêndoas. Em Israel as amêndoas são os primeiros frutos que nascem depois do inverno; o que simboliza a flor e fruto da ressurreição de Jesus Cristo após a Páscoa. Jesus ressurreto é nosso Sumo Sacerdote gracioso que pode compadercer-Se de nossas necessidades. A vara de Arão que floresceu tipifica a “vara da graça sacerdotal”. Quando você pensar em sacerdote, associe este ministério com a graça: “Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão.Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4:14-16).
Quando da rocha em Horebe, há 40 anos antes, não havia o ministério sacerdotal. Agora, à porta de Canaã, já havia sido estabelecido o sacerdócio gracioso. Então, agora o tratamento de Deus para com o Seu povo era diferente e a vara sacerdotal da graça era o testemunho vivo de que a ira de Deus foi aplacada. Mas, Moisés ainda estava com a mentalidade antiga. Se ele tivesse entendido e praticado o sacerdócio de intercessão, misericórdia e graça, ele e aquela geração entrariam JUNTOS na terra prometida.
A lição para nós é: será que vamos aprender rapidamente a andarmos neste ministério sacerdotal de todos os crentes?
O que estava na mente de Deus era que Moisés segurasse a vara sacerdotal e nem a usasse para “ferir a rocha”, bastava apenas declarar com fé: “brota água”! Se Moisés tivesse ferido a rocha com a vara sacerdotal as flores iriam cair. Ele deveria falar à rocha na autoridade sacerdotal e dela sairia água para saciar o povo e os animais.
Não fira a Rocha duas vezes
É preciso que entendamos que o Senhor Jesus Cristo, a Rocha Espiritual, foi acoitado uma única vez, como um único sacrifício e não se deve acoitá-Lo novamente. O livro aos Hebreus explica claramente este mistério da superioridade da Aliança da Graça que temos com o Pai, por meio de Jesus Cristo (leia Hebreus 7:26-28; 9:11-14). Hebreus 9:23-28 afirma que Cristo fez um único e eterno sacrifício, uma vez por todas, e não é mais necessário sofrer muitas vezes. De acordo com a Bíblia, o sacrifício de Jesus Cristo na cruz foi suficiente e definitivo, não havendo mais necessidade de sacrifícios repetitivos (Hebreus 6:4-6; 10:26-29).
Hoje, na dispensação da Nova Aliança da Graça, precisamos apenas fazer a confissão da fé e falar à Rocha e, de Cristo, A Rocha, brotará toda a provisão que necessitamos “a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”. Falar à Rocha é o que Paulo explica em Romanos 10:4-11.
Hebreus 10:12 diz: “Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus…”. Jesus, nosso Sumo Sacerdote, assentado à destra de Deus nos traz a imagem da obra consumada: Teletestai[1]! Ele não mais precisa Se levantar para oferecer sacrifícios pelos nossos pecado, à semelhança do sacerdócio levítico. Querer crucificar novamente a Cristo seria um ato de soberba, um pecado presunçoso ou voluntário. É ultrajar o Espírito da Graça e profanar o sangue da Nova Aliança: “De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?” (Hebreus 10:29). Quando voltamos às obras da lei para tentar nos santificar, estamos ultrajando o Espírito da Graça.
[1] “Tetelestai” é uma palavra grega (τετέλεσται) que significa “está consumado” ou “está concluído” e aparece no Novo Testamento em João 19:30, quando Jesus, na cruz, proclama: “Está consumado!” antes de entregar Seu espírito. Derivada do verbo teleō (“completar”, “cumprir” ou “concluir”), ela carrega um sentido profundo de que uma tarefa ou propósito foi cumprida.
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