Livros da Bíblia

O Sermão Profético de Jesus – Mateus 24

Apresentação:


O Sermão Profético de Jesus, registrado nos Evangelhos sinóticos, traz revelações  precisas a respeito de alguns acontecimentos que aconteceram com a nação de Israel, a cidade de Jerusalém e o templo. Embora seja um assunto muito estudado pelos cristãos, tema de muitas pregações e ensinos em escolas dominicais, eles nem sempre revelam uma compreensão correta do exposto pelo Mestre. Por isso, espero que você mantenha seu coração e mente abertos para o que iremos expor neste estudo.

Você observará que neste estudo cataloguei dados para embasar os principais assuntos tratados com comentários de historiadores, pais da Igreja, outros personagens importantes do cristianismo, fatos históricos e princípios de interpretação bíblica. Tive este cuidado para ajudar àqueles que não têm acesso fácil a essas informações. Os registros feitos pelo historiador Flávio Josejo foram extraídos do livro: “História dos Hebreus – De Abrão à queda de Jerusalém”, publicado pela CPAD, 8ª edição de 2004. Também extraí os comentários dos pais da Igreja da Coleção “Patrística – Padres Apostólicos”, Paulus Editora – 2ª Edição.

No final deste post tem o LINK para você baixar o arquivo completo em PDF desta mensagem,
com 57 páginas e muitas ilustrações, caso queira imprimi-la e/ou compartilhar com seus contatos.

O que acreditamos atualmente sobre o “Fim dos Tempos” e o Reino de Deus é o mesmo pensamento dos apóstolos da Igreja Primitiva? O que os pais da Igreja – Augustinho, Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Irineu de Lyou, Clemente e Orígenes de Alexandria -,  os reformadores – Lutero, Calvino e John Wesley -,  e os avivalistas – Spurgeon, Jonathan Edward (1703 a 1758), Dwight L. Moody (1837 a 1899), George Whitefield (1714 a 1770) – entendiam sobre os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos a respeito destes temas?

Há muitos cristãos que estão presos a uma visão “escapista” da Igreja por terem uma interpretação falha dos ensinos de Jesus registrados nos Evangelhos sinóticos, especificamente em Mateus capítulos 23 a 25, Marcos 13 e Lucas 21.As doutrinas e as pregações de hoje descrevem uma Igreja fraca, derrotada, que não exerce a função de “sal da terra” e, por isso, tem sido “pisada” pelos homens. As doutrinas são pessimistas quanto ao futuro do mundo e do planeta Terra. E, ainda, a doutrina do “arrebatamento” tem sido enfatizada como a “válvula de escape” da Igreja.

Os cidadãos dos Estados Unidos fizeram o mesmo durante a Depressão, a Segunda Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã̃. À medida que o mundo era confrontado com os desafios e a maldade do ser humano, as pessoas adotavam uma visão “escapista” e pessimista do futuro. Foi durante esses períodos de provações que muitos cristãos adotaram uma escatologia (ensinamento das coisas que devem acontecer no fim do mundo) mais pessimista. Eles passaram a acreditar que o mundo está́ sendo gradualmente tomado pela influência de líderes maus, e que finalmente Satanás assumirá o controle dos sistemas econômico, religioso e social do mundo. Os pregadores que adotaram essa visão pessimista começaram a ensinar que figuras como do anticristo e do falso profetas logo se levantariam e teriam proeminência, quando em seguida enganariam a maior parte da humanidade. Eles também ensinaram sobre uma Grande Tribulação vindoura, durante a qual Deus derramará a Sua ira, julgando e destruindo a Terra.

Porém, a maioria dos grandes líderes da Igreja que viveram antes do Século XIX pregavam uma escatologia vitoriosa, uma Igreja vitoriosa, influente em todas as áreas da vida e sociedade, e um Reino que está prevalecendo e se espalhando por todo o mundo.

Tendo esses fatos em mente, vamos buscar compreender quando e porque tais pensamentos e doutrinas do “escapismo”, e visão pessimista surgiram, e se propagaram nas igrejas cristãs?

O contexto de Mateus 24

Os registros feitos por Margareth MacDonald, Darby, que fundamentam a doutrina do arrebatamento e tribulação se apoiam, basicamente, no texto de Mateus 24:29-31 que diz:

Logo em seguida à TRIBULAÇÃO DAQUELES DIAS, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória. E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quanto ventos, de uma a outra extremidade dos céus”.

Do entendimento deste texto e da doutrina vigente do arrebatamento e tribulação, é que eles interpretam as parábolas contadas por Jesus nos textos seguintes. Porém, jamais devemos interpretar uma passagem bíblica sem observar o seu contexto.

Sabemos que o Evangelho de Mateus foi escrito tendo como público-alvo o povo judeu da palestina. Esse entendimento deve estar em sua mente na medida que continuar lendo os próximos parágrafos. Pegue a sua Bíblia, com uma caneta e régua, para ir assinalando algumas expressões e textos, à medida que expusermos os assuntos a seguir. Vamos fazer uma pesquisa minuciosa dos capítulos de Mateus, e você precisará de muita atenção.

Por todo o capítulo de Mateus 23 observamos o Senhor Jesus censurar os escribas e fariseus. Nos versículos 13 a 30 o Senhor declara 8 advertências: “Ai de vós…  escribas e fariseus…, hipócritas…, guias cegos…”. Jesus afirma que eles mesmos são os filhos dos que mataram os profetas e encheram a medida dos pecados dos seus pais. Os “pecados acumulados” atrairiam um julgamento severo; isso se dá tanto no caso de indivíduos como no caso de nações (Gênesis 15:16). Seguindo a narrativa de Mateus, o Senhor profetiza, no versículo 35, que sobre eles “recairia todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até o sangue de Zacarias” (versículos 31-36).

Naquele instante, você não iria querer estar sentado com os escribas e fariseus. Quando Jesus declarou o juízo vindouro, Ele se referiu ao sangue de toda pessoa justa, desde Abel a Zacarias. Isso é significativo porque na Bíblia hebraica Abel está no primeiro livro (Gênesis), sendo o primeiro mártir a ser mencionado nas Escrituras e Zacarias está no último livro, que morre em defesa da justiça. Portanto, Jesus estava dizendo aos líderes religiosos que o julgamento pelo sangue de toda pessoa justa – desde o início do seu Livro Santo até́ o fim – viria sobre eles e na geração deles! O juízo havia sido decretado!

Agora note a profecia de Jesus no versículo 36: “Em verdade” [grego temos a palavra amém, que significa “verdadeiramente” ou “certamente”] “vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre A PRESENTE GERAÇÃO. Jesus profetizou um eminente julgamento que viria como punição de muitos séculos de culpa de uma nação, especialmente o homicídio, porquanto os israelitas foram assassinando os profetas que lhes foram enviados; finalmente, planejaram a morte do maior de todos os profetas, Jesus Cristo, o seu próprio Messias. E a profecia de Jesus deixa bem claro que se trataria de um julgamento que viria sobre a nação inteira, e não meramente aos líderes religiosos. Era um povo homicida, violento e sem misericórdia. Os romanos mataram-nos, excederam à violência deles e não demonstraram misericórdia alguma.

Agora, observe, que a mesma expressão é repetida por Jesus, e registrada por Mateus, em 24:34, que diz: “Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isso aconteça”. Entendemos que, em geral, uma geração tem 40 anos de duração (por exemplo, o povo hebreu vagou pelo deserto por quarenta anos até́ que uma geração passou). Assim, se as palavras de Jesus fossem realizadas literalmente, deveríamos esperar que o julgamento que Ele declarou sobre aqueles líderes religiosos, que estavam ouvindo as Suas palavras e para aqueles que estavam por perto, caíssem sobre eles dentro dos quarenta anos seguintes.

Ou seja, levando-se em consideração que Jesus foi crucificado por volta do ano 33 d.C., as profecias sobre a destruição de Jerusalém e daquela linhagem de líderes deveriam acontecer até por volta do ano 73 d.C.

Então, fixe na sua mente, que as profecias e acontecimentos registrados entre Mateus 23:36 e 24:34 DEVERIAM TER O SEU CUMPRIMENTO NAQUELA GERAÇÃO, OU SEJA, NOS PRÓXIMOS 40 ANOS.

O relato termina, em 23:37 a 39, com a cena de Jesus lamentando sobre Jerusalém: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!” (vss. 37). A repetição, “Jerusalém, Jerusalém”, aprofunda a tristeza do Senhor que muitas vezes quis reunir os israelitas debaixo da Sua proteção e graça, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas (“asas” é um símbolo da proteção e graça do Senhor – Êxodo 19:4; Salmo 36:7). Mas eles O rejeitaram! O Senhor tirou sua “aura” de proteção sobre Israel.

Por fim, Jesus traz outra profecia: “Eis que a vossa casa vos ficará deserta (vs. 38). Aqui temos mais uma outra profecia sobre a cidade de Jerusalém, que ficaria deserta após a grande tribulação que viria no ano 70 d.C., quando a cidade e o templo foram inteiramente destruídos e as sinagogas ficaram completamente vazias. As sinagogas foram tão completamente destruídas que a arqueologia não tem sido capaz de identificar as ruínas de qualquer sinagoga do primeiro século com qualquer certeza.

Flávio Josefo relata: “No dia da festa de Pentecostes, os sacerdotes estando à noite, no templo interior, para o divino serviço, ouviram um ruído e logo em seguida uma voz que repetiu várias vezes: Saiamos daqui! Acredita-se de modo geral, entre o povo, que essa visão de uma voz foi dada para indicar que a presença de Deus saíra do
templo.

Pouco depois da morte e ressurreição de Jesus, os judeus começaram a intensificar sua luta contra o domínio romano; os nacionalistas radicais começaram a incentivar diversas revoltas. Muitos foram atraídos para a causa nacionalista. Os judeus queriam esmagar seus senhores romanos. Todavia, Deus abandonara o seu próprio templo, quando o Messias foi expulso dali. Por isso mesmo, quando os romanos compreenderam que só a força armada poderia restaurar a ordem na Palestina, em cerca de 66 d.C., teve início o conflito armado. Após quatro anos de cerco, a cidade de Jerusalém foi capturada e completamente destruída, e o sangue corria pelas ruas ao ponto dos cavalos não se poderem firmar de pé.

E Jesus ainda registra uma outra profecia: “Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor!” (vs. 39). O afastamento de Jesus foi literal, desde quando a glória do Senhor saiu do templo. Mas, também, Jesus, o Messias prometido, estava voltando para o Pai. O ministério de Jesus foi totalmente rejeitado, e assim, pelo menos durante algum tempo, o povo de Israel também seria rejeitado por Deus.

Mas, aleluia!, Jesus promete voltar para salvar Israel quando seus filhos reconhecerem que Ele é o Messias e afirmarem: “Bendito o que vem em nome do Senhor!”. Aqui está mais uma profecia de Jesus para além do tempo: Ele voltaria e ainda seria reconhecido por Israel como Seu Messias Salvador.

Veja, portanto, o ESBOÇO do ensinamento de Jesus:

Sabemos que Mateus escreveu o Evangelho para judeus da Palestina e, como já comentei em outros estudos, ele repete algumas expressões para demarcar assuntos em seu Evangelho. Mateus usa, portanto, a base do ensino popular do judaísmo da época, utilizando o “Discurso de Três Acentos”: repetindo as coisas três vezes, para indicar que aquele assunto é importante. E se você observar o Evangelho de Mateus com cuidado, notará que há vários esquemas para serem decorados com TRÊS TERMOS ou três expressões.

Por exemplo, na mensagem “A Estratégia do Reino de Deus – O Evangelho de Mateus” (https://www.youtube.com/watch?v=xOrkW7rc9-8), explico com detalhes o porquê da repetição das três expressão: “Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo”, em Mateus 4:23 e repetido em 9:35. Nestes dois versículos, Mateus explica que Jesus: 1 – Ensinando nas sinagogas; 2 – Pregando o Evangelho do Reino e 3 – Curando toda sorte de doenças e enfermidades. Quando encontramos esta repetição 1/2/3 é para que decoremos estes assuntos, pois é a síntese (ou recheio) do que será dito entre Mateus 4:23 a 9:38. Em cada repetição há uma verdade importante.

Desta forma, no texto compreendido entre Mateus 4:23 a 9:38 o evangelista registrou a estratégia que Jesus usou para expandir o Seu Reino na Terra: o ensino de Jesus no Sermão do Monte, onde é lançado os princípios do Seu Reino (5:1 a 7:28, 29), e a pregação e a libertação das opressões de Satanás (8:1 a 9:38). Pregação e cura (ou libertação) estão associados porque enquanto as pessoas vão sendo curadas e libertas, sendo desfeitas as obras de Satanás, elas vão sendo chamadas para o Reino. Por fim, vemos Jesus descer do monte e manifestar o poder do Reino de Deus. Em Mateus 8:1 a 9:38 é registrado três grupos de curas, libertações e milagres operados por Jesus, totalizando 10 MARAVILHAS [1]. Primeiramente ele opera 3 curas e seleciona discípulos; depois Jesus realiza mais 2 curas/libertações e o 1 milagre ao acalmar o vento e o mar; e chama mais um discípulo (Mateus); depois opera mais 4 curas/libertações. Por fim o Mestre encerra com a mensagem da “Seara e dos Trabalhadores”, enfatizando que, daquele ponto em diante, o Reino deve ser também pregado pelos discípulos/apóstolos.

Interessante é você observar o registro da cura das 3 mulheres: uma mulher idosa (a sogra de Pedro) que estava com febre (8:14, 15); uma menina de 12 anos, filha única de Jairo, chefe da sinagoga, que havia acabado de morrer (9:18, 23-26 com Lucas 8:40-42); e a terceira mulher madura e em pleno período de fecundidade, mas que há 12 anos vinha padecendo de uma hemorragia (9:19-22). A ordem dos milagres registra uma idosa com febre, uma menina morta e uma outra mulher madura, com fluxo de sangue, impedida de procriar. Pela lógica a idosa deveria morrer, a menina estaria mais suscetível a febre e a madura deveria ser fecunda. Mas, no mundo de Mateus, as meninas estão morrendo, as anciãs não conseguem servir a Jesus que se hospedara em sua casa e a madura não consegue ter filhos. É o mundo às avessas dominado por Satanás. Mas quem veio endireitar o mundo? Jesus Cristo no Seu Reino!

Na sequência, o capítulo 10 registra a escolha dos doze apóstolos, as instruções, as admoestações, as dificuldades e as recompensas para os discípulos que vão levar o Reino a todas as aldeias e cidades.

O texto compreendido entre Mateus 4:23 a 9:38 registra a estratégia que Jesus usou para expandir o Seu Reino na Terra.

Novamente aqui, no texto compreendido entre Mateus 23:36 a 24:34, temos o ensinamento profético de Jesus a respeito da nação de Israel, da cidade de Jerusalém e do templo. Estes textos trazem o panorama desta Era e as profecias que aconteceriam naquela geração (nos próximos 40 anos).

Fixe na sua mente: as profecias registradas entre Mateus 23:36 e 24:34 DEVERIAM TER O SEU CUMPRIMENTO NAQUELA GERAÇÃO, OU SEJA, NOS PRÓXIMOS 40 ANOS.

Já o texto que se seque, Mateus 24:35 a 25:46 contém os ensinamentos de Jesus sobre a consumação de nossa ERA, ou século (com o “Dia do Senhor” e outros eventos). Portanto, segue um quadro resumo para orientar a nossa meditação:

Mateus 24:4-14Panorama Geral desta Era (ou Século)Vede que ninguém vos engane…, pois é necessário que estas coisas aconteçam, mas ainda não é o fim.
Mateus 24:15-28Resposta à 1a PerguntaQuando sucederá estas coisas? (Referindo à profecia sobre Jerusalém)
Mateus 24:29-34Resposta à 2a PerguntaQue sinal haverá de Tua Parusia?
Mateus 24:35 a 25:46Resposta à 3a PerguntaO “Dia do Senhor” e a vinda do Filho do Homem na Sua majestade e glória

Você pode baixar o arquivo PDF desta mensagem, com 57 páginas e muitas ilustrações,
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Assista abaixo a aula introdutória deste assunto:


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Rai Barreto
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