Em Lucas 16:16 Jesus afirma: "A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o Evangelho do Reino de Deus, e todo homem se ESFORÇA por entrar nele.
1. REINO DE DEUS

O Esforço Para Entrar no Reino

Resumo

Raimundo Barreto
Garanhuns, PE, outubro de 2025

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Em Lucas 16:16 jesus confronta a avareza dos fariseus afirmando: “A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde este tempo, vem sendo anunciado o Evangelho do Reino de Deus, e TODO HOMEM se esforça por entrar nele“. Sempre tive dúvidas sobre o que se refere o “esforço para entrar no Reino“. Agora, porém, vamos compartilhar o entendimento do que Jesus quer nos ensinar.

Em Lucas capítulo 16 Jesus ensina Seus discípulos sobre algumas verdades profundas do Reino de Deus, enquanto fariseus e escribas observam, muitos deles criticando e zombando. Logo no início, com a “Parábola do Administrador Infiel”, Jesus apresenta o perigo real das riquezas e como a busca desenfreada pelo dinheiro pode se tornar um verdadeiro “deus” na vida das pessoas. Os fariseus, conhecidos por serem avarentos, sentem-se atingidos em suas práticas e continuam rejeitando o ensino de Jesus, mesmo percebendo que Ele denuncia publicamente seus comportamentos.

Jesus, então, reforça a necessidade de buscar os verdadeiros valores da Lei divina e aponta como a elite religiosa detinha o poder econômico e explorava o povo, manipulando temas fundamentais, como a cobrança de taxas de juros escondidos e até o divórcio, para beneficiá-los pessoalmente. Era comum que esses líderes não trabalhassem diretamente na terra, preferindo arrendar suas propriedades para camponeses pobres ou contratar administradores, que agiam por eles, distanciando ainda mais os poderosos do sofrimento das “pessoas da terra”.

A avareza do juros disfarçado

No cenário rural da Palestina daquela época, quase três quartos do povo eram camponeses pobres, e só uma minoria possuía riqueza real ou posição social. Esse abismo social fortalecia o tom crítico das parábolas de Jesus, que desmascaravam a falsa religiosidade, a avareza e a hipocrisia dos líderes, apresentando o Reino de Deus como alternativa de inclusão, justiça e esperança para os marginalizados. É nesse contexto que Jesus vai além de condenar o acúmulo de bens e trata a avareza como uma forma de idolatria, conforme também ensina Paulo: “a avareza é idolatria” (Colossenses 3:5; Efésios 5:5).

A “Parábola do Administrador Infiel” evidencia ainda a prática dos “juros disfarçados”, muito frequente naquela época, apesar de a Lei mosaica proibir claramente os juros entre judeus (Êxodo 22:25; Levítico 25:36-37). Administradores, para contornar a Lei, maquiavam contratos elevando quantidades e assim ganhavam às escondidas – prática que Jesus denuncia ao mostrar que tais artifícios demonstram uma sabedoria mundana, mas não aprovação diante de Deus, pois Ele conhece o coração e desaprova o enriquecimento injusto.

Nesse contexto, o elogio ao administrador infiel não é pela sua ética, mas por sua astúcia em administrar uma crise – um contraste proposital feito por Jesus: os “filhos do mundo” são mais hábeis em buscar seus objetivos do que muitos seguidores de Deus em perseverarem pelos valores eternos. Jesus, por isso, afirma: “Os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz” (Lucas 16:8b). Ele desafia Seus discípulos a terem a mesma sabedoria prática, porém direcionada ao bem e à administração fiel dos recursos para o Reino.

Não podeis servir a dois senhores

Jesus ensina ainda que ninguém pode servir a dois senhores: “Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro” (Lucas 16:13). A riqueza, nas palavras d’Ele, é um ótimo servo, mas um terrível senhor. Usada corretamente, pode promover o bem; quando idolatrada, escraviza e corrompe. Daí a orientação para usar sabiamente os recursos materiais para propósitos solidários e eternos: “Fazei amigos com as riquezas da injustiça” (Lucas 16:9), ou seja, invista na glória de Deus e na ajuda ao próximo.

O uso das “riquezas injustas”, como é evidente, era motivo de preocupação na Igreja Primitiva. Até que a atitude de Lucas, e, provavelmente, a de muitos outros cristãos primitivos, era que o dinheiro quase sempre era manchado de maldade pelos pecadores; e que por isso mesmo os cristãos necessitavam de conselhos quanto ao seu uso, por poder transforma-se em poderoso elemento corruptor, assim como acontecia com o Fariseus que manipulavam a Lei para encobrirem suas desonestidades. As riquezas não só podem segar o homem, mas também comandá-los como um deus.

Jesus declara também que, embora o período da Lei e dos Profetas tenha terminado com João Batista, os princípios morais da Lei não foram anulados, mas elevados ao seu verdadeiro sentido: “É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei” (Lucas 16:17). A crítica de Jesus aos fariseus é severa porque eles valorizavam poder, prestígio e dinheiro, mas negavam o coração da Lei: a justiça, misericórdia e fé.

O conceito de esforço para entrar no Reino

O conceito de esforço para entrar no Reino está ligado a uma decisão pessoal de abrir mão da porta larga e lutar, perseverando para passar pela porta estreita (Lucas 13:24). Isso exige enfrentar tentações, renunciar atalhos fáceis e optar por integridade, disciplina e dependência de Deus, porque muitos querem, mas poucos se dispõem a realmente trilhar esse caminho exigente.

Esse esforço não tem a ver com salvação por méritos, mas com luta interior, tomada de posição diária e ações concretas, como recusar práticas desonestas, cultivar justiça, fidelidade e renúncia mesmo quando esses valores são minimizados pela sociedade. O Reino não se conquista pelo status, tradição ou conhecimento intelectual, mas pela busca ativa de transformação e compromisso com a vontade de Deus.

Em 2 Pedro 1:5-7, o apóstolo Pedro instrui os cristãos a empenharem todo esforço e diligência para crescer espiritualmente, acrescentando à fé as virtudes essenciais para a vida cristã: conhecimento, domínio próprio, perseverança, piedade, fraternidade e amor. Ele enfatiza que esse empenho não é apenas um ideal abstrato, mas um processo concreto e contínuo, indispensável à maturidade e à plena comunhão com Cristo. Logo adiante, no versículo 11, Pedro afirma: “Pois, desta forma, é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.”

Essa postura perseverante já antecipa, em cada etapa da caminhada, a realidade da vida nova prometida por Jesus, mostrando que não basta conhecer a Lei – é necessário, de fato, entrar no Reino, e isso exige entrega e esforço comprometido para viver a justiça do Reino.

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