As três armadilhas da tentação de Jesus
As três armadilhas da tentação de Jesus
Raimundo Barreto
Garanhuns, PE, outubro de 2025
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Na narrativa da tentação de Jesus no deserto, pelo diabo, nos é apresentado alguns símbolos que precisamos identificar seus significados: o diabo, o deserto, a montanha, o templo e o pão. Marcos não dá nenhuma informação sobre a tentação de Jesus, mas Mateus e Lucas (ambos no capítulo 4 dos seus Evangelhos) concordam que Jesus lutou com três armadilhas simbolizadas pela PÃO, MONTANHA e o TEMPLO. Estes símbolos formaram as pernas da cadeira sobre a qual Jesus poderia ter se assentado como poderoso Messias político.
A tríplice tentação de Jesus (Mateus 4:1–11; Lucas 4:1–13), descreve o confronto entre dois reinos – o de Deus e o de Satanás. Essa estrutura revela que cada tentação representa uma área de domínio que Satanás tenta corromper, mas que Jesus redime ao reafirmar os princípios do Reino de Deus.
O princípio do combate representativo
O confronto entre Davi e Golias segue o antigo princípio do combate representativo, quando um guerreiro era escolhido como representante de seu povo para determinar o destino de dois exércitos: “E parou, e clamou às companhias de Israel, e disse-lhes: Para que saireis a ordenar a batalha? Não sou eu filisteu, e vós servos de Saul? Escolhei dentre vós um homem que desça a mim. Se ele puder pelejar comigo e me ferir, seremos vossos servos; porém, se eu o vencer e o ferir, então sereis nossos servos e nos servireis.” (1 Samuel 17:8, 9 – ARA). Aqui Golias institui a lógica representativa do combate, em que um guerreiro decide o destino de todo o povo. Nesse modelo, a vitória de um representava a vitória de todos, e a derrota de um significava a derrota de todos.
Assim como Davi enfrentou Golias como intermediário de Israel, Jesus Cristo enfrentou Satanás como nosso representante divino. Em Sua tentação no deserto e na cruz, Cristo venceu o inimigo em nome de toda a humanidade redimida, assegurando a vitória final sobre o pecado e a morte: “E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Colossenses 2:15 – ARA). Por isso, podemos declarar com Paulo: “Em todas estas coisas somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou” (Romanos 8:37). Essa é a base da nossa fé – a vitória de Jesus Cristo é a nossa vitória. Vemos em 1 Samuel 17:45–47 que Davi declara que lutou “em nome do Senhor dos Exércitos”, reconhecendo que a vitória pertence a Deus, e não à força humana. Assim também Jesus venceu o diabo no deserto, citando as Escrituras.
1. A tentação das pedras em pão
O confronto das necessidades e do poder econômico
Na primeira tentação, o diabo o instiga: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães.” Essa proposta não era apenas sobre fome física, mas uma tentação à autossuficiência e ao uso do poder divino para satisfazer desejos imediatos.
Jesus responde com Deuteronômio 8:3: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. Tempos depois, Ele se revela como “o verdadeiro pão que desceu do céu” (João 6:35). Assim, recusa o domínio sobre o mundo da fome e da matéria e transforma o sentido de saciar-se, apresentando a Palavra como sustento superior.
O diabo sugere que Jesus transforme pedras em pão para saciar Sua fome. Esta armadilha do diabo se relaciona com o desejo de resolver as necessidades materiais de forma milagrosa e imediata. Vai além da simples alimentação: é a tentação de usar o poder para adquirir RIQUEZA, segurança e influência ECONÔMICA. Jesus recusa o caminho da satisfação material como base para Seu reinado, mostrando que o Reino de Deus não se fundamenta em prosperidade econômica ou consumo, mas em confiança e dependência de Deus e de priorizar o Reino.
2. A tentação no pináculo do templo
O confronto da falsa influência religiosa
A segunda tentação ocorre no pináculo do templo, que simboliza o ápice da RELIGIÃO e da visibilidade espiritual. O diabo tenta Jesus a “lançar-se abaixo” para provar Sua identidade divina, usando até mesmo as Escrituras de modo distorcido (Salmo 91:11, 12). Essa tentativa representa a manipulação religiosa e o uso do poder espiritual para exibição, não para obediência.
Jesus responde: “Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.” Assim, nega a lógica do espetáculo e anuncia que o verdadeiro sinal de Sua autoridade seria a destruição e ressurreição do “templo” do Seu corpo (João 2:19–21). Desse modo, Ele aponta para uma Nova Ordem Sacerdotal, onde o centro da adoração não é o templo físico, mas Ele mesmo como mediador e sacrifício vivo. Semelhante afirmação foi proferida por Jesus no diálogo com a mulher samaritana: “Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai… Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adoração ao Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores” (João 4:21, 23).
3. A tentação no monte
O confronto entre reinos e governos
Quando o diabo leva Jesus a um “monte muito alto” (Mateus 4:8)e lhe mostra “todos os reinos do mundo e a sua glória”, oferecendo-os em troca de adoração, temos um confronto direto entre o Reino de Deus e os reinos humanos corrompidos. Na Bíblia, montes simbolizam governo, autoridade e encontro divino (Isaías 2:2; Salmo 48:1–2; Daniel 2:35, 44). “Mas, nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão os povos” (Miquéias 4:1, 2).
Jesus rejeita o atalho POLÍTICO proposto por Satanás – glória sem cruz – e, em vez de tomar posse dos reinos pela adoração ao inimigo. Mais tarde sobe outro monte, o das Bem-Aventuranças (Mateus 5–7), para proclamar os princípios do Seu Reino: justiça, misericórdia e pureza de coração. Essa contraposição mostra que o Reino de Deus não se estabelece pela dominação, mas pela humildade, obediência ao Pai, cruz e ressurreição (Filipenses 2:5-11).
O texto de Mateus 4:8 (e seu paralelo em Lucas 4:5-7) indica que, até aquele momento, o diabo exercia certo domínio real, ainda que limitado e temporário, sobre os reinos do mundo. Quando Satanás diz a Jesus: “Dar-te-ei toda esta autoridade e a glória destes reinos, se prostrado me adorares”, ele reivindica autoridade sobre “os reinos do mundo e a glória deles”, afirmando: “porque a mim me foi entregue, e dou a quem eu quiser” (Lucas 4:6). Essa declaração é confirmada por outras passagens bíblicas que o chamam de “príncipe deste mundo” (João 12:31; 14:30; 16:11) e “o deus deste século” (2 Coríntios 4:4).
Note que Jesus não contestou a afirmação do diabo (Satanás), o que implica que essa influência global era, de fato, uma realidade espiritual. Contudo, Jesus rejeitou a oferta, pois sabia que receber poder fora da vontade do Pai seria corromper Sua natureza e missão messiânica. Seu Reino não se conquistaria por meio de atalho ou adoração ilícita, mas pela obediência absoluta ao Pai. Posteriormente, após Sua morte e ressurreição, toda autoridade no céu e na terra foi dada a Jesus, o Cordeiro vencedor, e Ele, agora, nos delega esta autoridade para colonizarmos o Reino em toda a Terra (Mateus 28:18-20).
Em Gênesis 1:26-28, Deus confiou ao homem o domínio sobre a Terra – “domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” Porém, ao pecar, Adão cedeu essa autoridade ao inimigo, introduzindo o pecado, a morte e a sujeição da criação à corrupção: “Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que também a própria criação será libertada do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus”. (Romanos 8:20, 21).
O episódio da tríplice tentação de Jesus revela que o diabo (Satanás) exercia, naquele tempo, considerável autoridade e controle sobre os sistemas e governos do mundo, oferecendo-os a Jesus em troca de adoração. Convém lembrar que a autoridade do diabo era apenas usurpada e nunca uma soberania legítima concedida por Deus. Essa autoridade está em processo de ser totalmente transferida para os Filhos de Deus pela vitória de Cristo, que é o verdadeiro “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Apocalipse 19:16).
A tentação conecta três grandes áreas de influência sobre a sociedade e o ser humano: o econômico (pão), o político (montanha) e religioso (templo).
O controle satânico do Sistema do mundo
O domínio do diabo se expressa através de pessoas que influenciam estruturas e sistemas da sociedade. A Bíblia descreve Satanás como o “deus deste século[1]” (2 Coríntios 4:4), o “príncipe deste mundo” (João 12:31) e o “príncipe das potestades do ar[2]” (Efésios 2:2), títulos que indicam seu poder de influência sobre valores, ideologias e instituições humanas. Esses textos revelam que o “mundo” (no sentido joanino) se refere ao Sistema humano afastado de Deus, permeado pelo pecado e sujeito à manipulação espiritual do maligno. Essa influência alcança diversas dimensões da vida coletiva – como governo, economia, cultura (artes e entretenimento), educação, mídia (incluindo jornalismo e comunicação) e religião – na medida em que pessoas e sistemas rejeitam o senhorio de Cristo.
Assim, a expressão “o mundo[3] jaz no maligno” (1 João 5:19) reflete à ação demoníaca estruturada em diferentes esferas da sociedade. O apóstolo Paulo afirma que “as nossas lutas não são contra carne e sangue, mas contra os principados, potestades e dominadores deste mundo tenebroso” (Efésios 6:12), o que reforça a ideia de uma hierarquia espiritual atuando por meio das instituições humanas que dominam o mundo – o chamado Sistema ou The Establishment[4]. Portanto, o diabo e seus agentes (demônios e seres humanos ímpios) exercem domínio sobre áreas como política, religião e economia, contanto que se reconheça que esse domínio é temporário, limitado e subordinado à soberania de Deus (ver Colossenses 1:13; Jó 1:12). João também declarou que o “espírito do anticristo” já estava em ação em sua própria geração e continuaria a manifestar-se ao longo da história até o fim dos tempos (veja o apêndice: “O espírito do anticristo”).
As instituições sociais clássicas – política, religião e economia – são como estruturas que moldam e condicionam o comportamento humano e a organização da sociedade. Na perspectiva sociológica clássica, as instituições política, religião e economia formam um TRIPÉ ESTRUTURAL DA SOCIEDADE, atuando como principais mecanismos de organização e controle social. Essas três esferas, embora distintas, estão profundamente interligadas e moldam tanto os valores coletivos quanto os comportamentos individuais.
- Política: exerce o controle formal por meio de leis, poder e coerção. É responsável por garantir a ordem e a autoridade, definindo o que é permitido ou proibido dentro de uma comunidade. Podemos ver um exemplo clássico do poder político influenciando a vida dos filhos de Deus durante o período da restauração narrado em Esdras e Neemias. Naquele tempo o poder político foi usado tanto a favor quanto contra o povo de Deus, em um movimento histórico que uniu oposição e favor divinos de modo notável.
- Após o decreto de Ciro[5], rei da Pérsia, os judeus receberam autorização oficial para voltar e reconstruir o templo de Jerusalém. Deus moveu o coração do rei para cumprir Suas promessas, permitindo que Zorobabel e Jesua liderassem o povo na reedificação do altar e na restauração do culto (Esdras 1–3). No entanto, surgiram fortes resistências políticas e legais: povos vizinhos enviaram denúncias e cartas aos reis Assuero e Artaxerxes, resultando em leis e decretos que suspenderam as obras por cerca de vinte anos (Esdras 4:17-24).
- Mais tarde, no reinado de Dario I, o antigo decreto de Ciro foi redescoberto nos arquivos reais, e um novo edito imperial reautorizou a reconstrução, inclusive com financiamento do tesouro persa (Esdras 6:1-12). Assim, o templo foi concluído, demonstrando que a soberania de Deus prevalece mesmo sobre os decretos humanos.
- Algumas décadas depois, Neemias, servo do rei Artaxerxes I, obteve cartas de autorização e recursos para reconstruir os muros da cidade (Neemias 2:7-9). Apesar do apoio político, ele enfrentou ameaças e conspirações locais, lideradas por Sambalate e Tobias, que tentaram impedir a obra por meios civis e militares. Mesmo assim, os muros foram terminados em apenas 52 dias, sob oração, vigilância e coragem (Neemias 4–6).
- Religião: funciona como uma forma simbólica e moral de controle social, promovendo coesão e conformidade através de crenças e códigos éticos. Tanto Durkheim quanto Weber, dois dos principais fundadores da Sociologia moderna, viam a religião como fundamental para a estabilidade social, enquanto Karl Marx – criador da teoria conhecida como marxismo, que influenciou profundamente a política, a economia e as ciências sociais através do comunismo, que é a aplicação prática das ideias de Marx – a entendia como instrumento de dominação ideológica.
- Economia: condiciona o comportamento social ao oferecer as bases materiais da vida coletiva e produzir desigualdades estruturais que afetam as relações de poder. Ela interage diretamente com a política e a religião, influenciando os modos de produção e consumo.
Essas três instituições formam, portanto, as chaves do controle social porque: (1) Regulam o comportamento humano – a política pelo poder, a religião pela moral, e a economia pela necessidade. (2) Moldam os valores e crenças dominantes. (3) Sustentam o equilíbrio e a coesão do corpo social, garantindo sua reprodução ao longo do tempo. Assim, política, religião e economia constituem o tripé essencial da estrutura social, cada uma exercendo um tipo específico de poder – coercitivo, moral e material – que, em conjunto, garante o controle e a estabilidade da sociedade.
O Reino de Deus confronta os Sistemas de Governo do Mundo
A visão da pedra que esmaga a grande estátua, como narrado em Daniel 2:31–45, é uma das imagens mais poderosas do Antigo Testamento acerca do confronto entre o Reino de Deus e os sistemas de governo humano – que, segundo a revelação bíblica, estão sob influência do maligno.
A estátua representa reinos mundiais: Daniel interpreta que cada parte da estátua corresponde a grandes impérios históricos (Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma), que se sucedem no domínio sobre a terra (Daniel 2:36–43). A pedra cortada sem auxílio de mãos humanas: Esta pedra, que “esmaga” a estátua e torna-se um grande monte que enche toda a terra, é o símbolo claro do Reino de Deus, instaurado por iniciativa divina e não humana (Daniel 2:34–35, 44, 45). “Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e esse reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (Daniel 2:44).
O texto mostra que os reinos humanos possuem limite, temporariedade e fragilidade diante do Reino de Deus. A “pedra” não apenas substitui, mas dissolve totalmente os sistemas deste mundo, mostrando que todo poder humano é transitório, enquanto o domínio de Cristo é eterno (Salmo 2:8, 9; Apocalipse 11:15). O próprio Jesus retoma essa simbologia ao se apresentar como a “pedra rejeitada pelos construtores” (Mateus 21:42–44), que causa queda a quem não aceita o Seu senhorio.
A visão da pedra esmagando a estátua ilustra o triunfo absoluto do Reino de Deus sobre todos os sistemas políticos, ideológicos e espirituais contrários. Mostra que todo poder que não provém de Deus é julgado e removido por Ele, e que Jesus é o Rei supremo que reinará para sempre sobre todas as nações e sobre toda a criação (Daniel 2:44, 45; Apocalipse 19:15, 16).
O Reino de Deus anunciado por Jesus confronta e redefine os padrões institucionais de Seu tempo, apresentando um modelo radicalmente novo de sociedade. Na Palestina do primeiro século, o poder político se sustentava pela dominação e pela força militar; a religião institucionalizada controlava o acesso ao templo e determinava quem era considerado “puro” ou “pecador”; e a economia reforçava desigualdades, valorizando o acúmulo de riquezas nas mãos de uma elite burocrática. Em contraste, o Reino proclamado por Jesus propunha justiça, inclusão e libertação, subvertendo as estruturas de exclusão ao colocar o ser humano – e não o poder – no centro da vida social e espiritual.
Jesus desafia esses sistemas ao recusar as tentações que simbolizam cada uma dessas áreas: não usa o modelo político humano para governar, rejeita transformar a prática religiosa em espetáculo ou meio de manipulação, e recusa submeter o Reino às demandas da riqueza e do pão. O Reino é relacional, dinâmico, coletivo e propõe uma ordem onde os valores mais altos do mundo são invertidos – poder cede lugar ao serviço, exclusão à acolhida, acúmulo ao compartilhar. A mentalidade do Reino de Deus rompe as barreiras das instituições humanas, não se sujeitando aos seus limites, e chama seus cidadãos para uma nova identidade, lealdade e ética social que estão “de cabeça para baixo” em relação aos padrões estabelecidos.
As tentações enfrentadas por Jesus oferecem verdadeiros desvios sociais. A tentação tripla prometia satisfazer a esperança dos judeus de um Messias que desafiaria os opressores políticos, alimentaria os pobres e desfrutaria de milagrosa aprovação do alto. Cada uma dessas instituições – ou esferas de influência – tem sido alvo de corrupção espiritual e moral, sujeita à ação de forças malignas que operam por meio de engano, idolatria e poder. Entretanto, os cristãos são chamados a restaurar essas áreas sob o senhorio de Cristo, manifestando nelas os valores e princípios do Reino de Deus. O Reino de Deus deve manifestar-se na sociedade por meio da influência transformadora dos filhos do Reino – o “sal da terra” e a “luz do mundo” – que refletem a justiça e a verdade de Cristo em todas as áreas da vida. Por isso, é essencial discernirmos como as instituições têm sido dominadas pelas forças do maligno, a fim de impactá-las com o “fermento do Reino”, que renova e transforma tudo a partir de dentro.
[1] O termo aión significa literalmente “era”, “idade” ou “período de tempo”, e por extensão pode referir-se ao sistema mundano atual, ao curso deste mundo ou à estrutura temporal sob influência do mal. No versículo, Paulo usa a expressão ὁ θεὸς τοῦ αἰῶνος τούτου (ho theos tou aiónos toutou), que significa “o deus desta era” – uma referência a Satanás, que exerce influência sobre o presente sistema mundial, cegando o entendimento dos incrédulos.
[2] Alguns intérpretes entendem a palavra grega ἀήρ (aér, “ar”) de forma simbólica, vendo-a como uma “atmosfera espiritual ou mental”, ou seja, o ambiente invisível de ideias, valores e pensamentos que permeia o mundo e influencia o comportamento humano. Satanás age corrompendo a mente e influenciando os pensamentos das pessoas (2 Coríntios 11:3; Atos 5:3).
[3] A palavra “mundo” (kosmos, no original grego) não se refere à criação física, nem à totalidade das pessoas, mas ao sistema humano organizado em oposição a Deus – um conjunto de valores, estruturas e práticas corrompidas pelo pecado e sob influência espiritual do diabo. O “mundo” é, portanto, a ordem moral e espiritual afastada do Criador, sustentada por princípios de orgulho, egoísmo e rebeldia. Esse sistema inclui as culturas, os governos e as instituições humanas que funcionam independentemente de Deus e frequentemente se opõem à Sua vontade (Romanos 12:2; Tiago 4:4; João 15:19).
[4] O termo “Sistema” ou “The Establishment” refere-se ao conjunto de grupos e instituições que controlam o poder político, econômico, religioso, cultural e midiático de uma sociedade, determinando seus rumos e influenciando suas decisões de forma concentrada e, muitas vezes, disfarçada. Em termos práticos, o Establishment representa a “elite do poder”, expressão popularizada pelo sociólogo C. Wright Mills, que descrevia a aliança entre governos, grandes corporações, bancos, forças armadas e mídia. Esses setores atuam de maneira coordenada para preservar seus interesses e manter o status quo, garantindo que o sistema social, político e econômico continue sob seu domínio.
[5] A Bíblia apresenta Ciro, rei da Pérsia, como um instrumento escolhido por Deus para cumprir Seus propósitos, chegando a ser chamado de “meu ungido” (hebraico mashiach, o mesmo termo usado para “messias”) em Isaías 45:1.
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